domingo, 24 de outubro de 2010

5º Dia (13/08/10) - Downhill em Coroico

Bike em Coroico

O downhill até Coroico é uma das maiores atrações de aventura de La Paz...Você desce de 4.650m de altitude até 1.200m, em 65 quilômetros de pura e veloz descida. A estrada conhecida como 'Estrada da Morte' faz jus ao nome, vários ciclistas já morreram por lá. Você vai de van até a cidade de La Cumbre e inicia o trecho pelo asfalto, depois pega uma estrada de terra mais 'larga' e depois o trecho estreita bastante nas curvas alucinantes até chegar em Yolosa. Há sempre um guia na frente e outro atrás para acompanhar o grupo que, invariavelmente acaba se dividindo: os mais pirados vão se jogando nas curvas e compõem o pelotão da frente e os mais 'normais' seguem uma descida mais sã, menos veloz.

O 5º dia de viagem foi intenso... Saímos às 6h50min e tomamos café no Hostel El Solario que é do grupo que operacionaliza o tour. Os equipamentos e as roupas foram entregues. Me deram um capacete tão grande (daqueles de motocross) que eu pedi outro, mas o guia me disse que quando chegassemos lá no início da descida verificaria se havia outro. No nosso grupo argentinos, uma família de franceses e dois brasileiros.


De van fomos até os 4.650 m de altitude com o tempo fechando e até gelo pelo caminho. Na parada para pegar as bikes e iniciar a descida começou a nevar! Uau, que bacana! Como o frio estava grande fiquei com aquele capacete monstro mesmo e após as instruções do guia iniciamos o percurso. Ao longo do caminho umas cruzes elucidaram o nome do lugar: Estrada da Morte. O começo é por uma estrada asfaltada, depois pegamos outra estrada de terra e finalmente a parte mais power com um caminho mais estreito, curvas em 'V' e o abismo logo ali ao lado.




Não tinha a intenção de andar mega rápido, mas a adrenalina daquela descida me fez um tanto quanto insana e usei toda habilidade possível pra vencer as curvas malucas a uma velocidade insólita. Junto com a galera da frente que andava colada e quase atropelando o guia, curti o visual do lugar: de montanhas nevadas à densa floresta. E o aroma? Ah, aquele que só as matas têm. Me lembrou muito o trecho da serra da Graciosa no leste do Paraná, tanto pelo visual delicioso quanto pelo ar puro.


 

Tudo muito lindo, tudo muito maravilhoso, mas a aventura estava à mil. A descida agitou o corpo todo. Excitação grande a cada curva vencida naquela velocidade, e lá vinha outra e mais outra até que... AAAAAAAAAAAAA! O francês da minha frente freiou demais na curva, fiquei com medo de bater nele, joguei a bike pro lado e: Vou vencer a curva... Não... Não vou... Vou... Não vou... Nããããão. Não venci a curva. As pedras enormes da saída da curva me fizeram perder o controle e fui absoluta e completamente de cara no chão. Meu primo vindo logo atrás já parou pra me socorrer: "Prima, você tá bem?". Eu que num reflexo doido já tinha me levantado: "Tô, tô bem". E dois segundos depois: HAHAHAHAHAHAHA. Morremos de rir.

Morri de rir, mas estava morrendo de dor também, rsrs. Meus dedos da mão direita doíam bastante e o pior é que eu precisava utilizá-los o tempo todo para o freio. Sentia dor na palma da mão esquerda e algo na minha perna esquerda também, mas mandei ver, continuei sem pensar muito até a parada para o lanche. Na parada (que foi a segunda de todo trajeto) tivemos sanduíche de queijo de lhama, refrigerante e água. Lá dei uma olhadinha e vi que mesmo com a luva os dedos tinham cortado, mas o que doía era a pancada, estavam inchados. O capacete entortou na frente e a bike tava meio tortinha, mas tá valendo.



Quase chegando ao destino final vejo uma menina parada sendo atendida: chorando, as pernas e braços todos esfolados (estava de shorts e camiseta curta). Nessa hora tive a certeza de que estava usando a roupa e os equipamentos certos. E a frase que li no Guia do Viajante sobre esse passeio ressoou na minha mente: Não economize com a sua segurança! Fica como elemento indispensável pra quem pretende fazer o downhill: Não queira pagar um pouco menos e usar equipamentos não tão seguros porque 'nada acontece com você'. Garanta sua segurança para curtir a emoção do tour, digo isso pois, se eu estivesse usando o capacete pequeno - aquele que não é fechado até o queixo (que, aliás eu queria no início do passeio) teria me machucado pra caramba. De cara no chão, naquela velocidade e àquela altura, certamente eu teria arrebentado minha cara (mandíbula, dentes, nariz e tudo mais) e ainda acabado com o resto da viagem. Por isso não pense duas vezes: Não economize com a sua segurança! Isso pode sair bem caro.



Na finalera da descida chegamos em um hotel com piscina e sabe o quê? Banho. E com água quente. Recuperados, limpos e famintos, devoramos um almoço muito bom. Ah, então agora é só a volta. A emoção acabou. Que nada... o retorno com a van naquelas mesmas curvas em 'V', com o abismo do lado e um espacinho pequeno pra passar foi tão emocionante quanto descer. A diferença é que descendo você tem o controle da situação. Havia muita neblina e não se enxergava quase nada, deu um frio na barriga.


Chegamos em La Paz às 19h e a agência nos presenteou com um CD com as fotos e uma camiseta escrito "Eu percorri a estrada da morte e continuo vivo". Hahaha, divertida. No hotel depois vi o tamanho do roxo na minha perna: do tamanho de uma manga, uma bem grande, rsrs. (Ps. já faz mais de 60 dias dessa queda e o roxo ainda não sumiu completamente). A foto abaixo dá uma noção da cacetada... hehehe. Janta na calle Illampu mesmo, numa pizzaria pertinho da calle Sagarnaga. Muito boa.

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