domingo, 24 de outubro de 2010

12º Dia (20/08/10) - Uyuni

Salar de Uyuni

O destino dos próximos 3 dias será Uyuni, um lugar fantástico onde você encontra paisagens fascinantes na maior planície salgada do mundo. Nesse tour você encontra de tudo: cactus gigantes, um deserto de sal sem fim, flamingos, lagoas vermelhas, verdes, vulcões e muitas rochas de cores e formas diversas... imagens que você nunca vai esquecer. Durante o período de inverno (maio a novembro) é possível rodar por muitos e muitos quilômetros em linha reta num sem-fim de sal. Já no período que o salar fica alagado (dezembro a abril) a visão pode ser ainda mais extraordinária: tudo fica refletido na rasa lagoa que se forma sobre o sal.
É possível fazer o tour partindo de Uyuni na Bolívia com destino à fronteira do Chile ou o caminho inverso.

Como já estávamos no Chile, iniciamos nosso tour por lá e a entrada na Bolívia é marcada por uma sede de imigração no mínimo curiosa... não é exatamente o que eu chamaria de moderno, rsrs.


Esperando nosso jipe 4x4 já pude perceber como as coisas por lá são muito seguras: em cima do carro dois galões de gasolina com um botijão de gás no meio!! Pensa nisso!! Mas aí você faz de conta que nem viu e começa a pensar em outras coisas...


Conhecemos nossos companheiros de viagem: Matthias e Nicole que são alemães e Elen e Sinval que são franceses. Fiquei super feliz pois o idioma oficial da viagem seria o inglês e assim eu poderia treinar um pouquinho.
Chegamos à Laguna Verde, lindíssima. Uma tonalidade de verde-água de babar. A água congelada por causa do frio que faz à noite. Fizemos uma oferenda à pachamama (mãe terra) agradecendo por tudo.


Uma parada para o café da manhã e ficamos bem tranquilos: o café estava muito bom e não precisaríamos nos preocupar com as refeições, estava tudo incluído no pacote e como o café estava bom, deduzimos que as outras refeições também estariam.

Parada para banho numa piscina de água termal. Me troquei numa casinha ali do lado pagando alguma coisa e me joguei na água quentinha. Uma delícia. Só meu roxo na coxa (aquele da queda do downhill em Coroico) chamou a atenção porque estava imenso, mas tá beleza.


Na sequência gêiseres das mais diversas cores e tamanhos. Esses eram diferentes dos gêiseres de Tatio porque aqui são várias pequenas lagoas fervilhantes e poucos jatos de vapor.

 

A chegada no refúgio onde passaríamos a primeira noite foi, digamos, interessante. Deixamos nossas mochilas no quarto onde dormiríamos e fomos almoçar porque estávamos todos famintos. Ao chegar na mesa nos deparamos com uma marmita, um prato de tomate, um de aspargo e um punhadinho de sardinha ou algo parecido. Pensamos: devem estar trazendo o resto da comida. Mas após alguns minutos percebemos que o almoço era aquele mesmo... Todos ficaram atônitos. Seis carnívoros esfomeados se contentando com aquele almocinho... Affff, fomos atrás do guia pra pedir pelo menos pão. Fiz sanduíche de pão com aspargo, cenoura cozida, couve flor e tomate. Não, não parecia um sanduíche natural, aliás, ficou bem longe disso. Sem gosto, sem consistência, sem matar a fome. No final das contas foi o almoço mais divertido da viagem porque só nos restava rir da situação mesmo.


Após o 'almoço' saímos para uma caminhada até a Laguna Colorada - que tem essa cor vermelha por causa das algas - para ver os flamingos e eu aproveitei pra comer umas barrinhas de cereal pra descontrair o estômago. A laguna colorada estava em partes congelada e íamos chegando cada vez mais perto das centenas de flamingos que estavam por lá pra se alimentar. Os flamingos ficam por lá durante um período do ano enquanto encontram comida e depois migram para os lagos da Argentina.

 

Subimos uma montanha para ver os flamingos e esperar o pôr do sol, mas o vento começou a ficar tão gelado que desistimos de esperar o sol se esconder e nós é que fomos nos esconder. O frio era intenso e o percurso de volta ao refúgio foi complicado, as pernas pinicavam e ardiam de frio. No dia seguinte fui descobrir que havia queimado as coxas por causa do vento frio (e eu que achava que essa história de 'queimar de frio' era mentira...).


No refúgio nosso quarto tinha cerca de 8 camas e era até bom (na medida do possível). Mas o banheiro... Ahhh o banheiro... Apenas um para todas as pessoas que estavam por lá - deviam ser umas 30 no mínimo e não havia água. Um tonel com água onde você levava um balde até o vaso fazia as vezes de descarga, porém nem todos tinham a boa vontade de usá-lo. Banho, óbvio, nem pensar. E a preocupação com o que viria de janta tomou conta da galera, afinal não sabíamos o que esperar.

Para nossa surpresa a janta foi bem melhor do que o esperado: sopa de legumes de entrada e macarrão com tomate de prato principal e até um vinho rolou. Havia uma lareira ao lado da mesa que ajudava a esquentar o ambiente. Pós-janta fomos dormir. Eu (inocente, inexperiente ou boba mesmo) fui dormir com uma calça, duas blusas, a jaqueta e só. Meu saco de dormir era para -7ºC. O problema é que durante a noite a temperatura naquele lugar chegou a -19ºC!!! Tem noção?? Não consegui dormir de jeito nenhum. A pior noite da minha vida. Coloquei mais uma calça forrada, outra blusa, luvas, meias, touca, a cabeça dentro do sleeping bag... nada adiantava. Meus pés ficaram congelados a noite inteirinha. Tive vontade de ir ao banheiro durante a noite mas isso seria ainda mais cruel e segurei até o dia amanhecer. Que noite...

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