segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

5º Dia (19/12/11) – Valparaíso e Viña Del Mar

Valparaíso é uma cidade, diria, pitoresca. Patrimônio da Humanidade, a primeira visão que tive dela foi, no mínimo, surpreendente. Centenas de casinhas coloridas estão quase (ou de fato estão?) empilhadas umas sobre as outras. Suas ladeiras, ruelas e becos são um convite a desvendá-la, mas prepare as pernas, pois sempre estará subindo ou descendo. Um local vibrante, cheio de histórias pra contar. Antiga cidade portuária Valparaíso era ponto de parada obrigatório dos navios que vinham do Atlântico pelo Cabo Horn. Hoje os navios são presença marcante por ali, porém nada que se compare a agitação de séculos atrás. Aliás, suas construções antigas dão a dimensão do que foi essa cidade em idos do século XVIII.

Viña Del Mar possui uma característica completamente diferente da vizinha Valparaíso. Apesar de enxergarmos uma única grande área habitada, as particularidades de cada cidade são visíveis e bem interessantes. De ares mais bem-conservada Viña Del Mar aparentemente é mais cuidadosa com suas áreas públicas, tendo belos jardins espalhados – inclusive o Relógio de Flores - e a ocupação de seu espaço territorial seguiu regras mais ‘comuns’ para nós. Ganhou sua fama como local de veraneio, tendo uma agradável praia para ser curtida, ainda que suas águas do Pacífico sejam de congelar o cérebro. O Cassino e o Teatro Municipal são construções de destaque no cenário da cidade.

O dia começou cedinho e após o café cheio de frutas (aliás, que frutas maravilhosas, nunca comi tanta cereja na minha vida) fomos de encontro ao nosso bus para Viña Del Mar e Valparaíso.


No caminho observei os motoqueiros (até porque sou uma apaixonada por motos), diferente do que poderia esperar no Brasil, não saem cortando as filas entre os carros, furando bloqueios ou passando por cima da calçada pra cortar caminho. Incrivelmente (pelo menos os que eu vi) esperavam calmamente atrás dos carros.
O passeio pela Turistik funciona assim: todos os turistas são ‘coletados’ nos seus hotéis e se reúnem no Parque Arauco. De lá então saem os bus para os destinos (essa estratégia otimiza, e muito, o tempo).
No caminho passamos pela Mina de Cobre Lo Aguirre, que agora está sendo abandonada.


A Cordillera de La Costa foi companheira durante quase todo trajeto e passamos pelo Valle Curacaví, de onde saem aquelas frutas divinamente saborosas que encontramos por Santiago.


Também passamos pelo Valle Casablanca, região onde são produzidas as cepas Chardonnay – vinho branco.



Finalmente chegamos em Valparaíso, aquele amontoadinho de caixinhas de fósforo coloridas. Amei! Enquanto muitos podem criticar, questionando a beleza do local, eu o considero de uma riqueza cultural ímpar. Tudo que me salta aos olhos por ser diferente, inusitado, exuberante, é, pra mim, fantástico. Admiro e respeito as culturas locais.



Por ser tão íngreme a geografia de Valparaíso, há vários elevadores pela cidade que fazem o trajeto da população que vai subir ou descer o morro.


Era segunda-feira, e por essa razão não pudemos visitar a casa de Pablo Neruda, que estava fechada. Ainda assim fica o registro da belíssima obra artística da casa desse grande poeta chileno.


A panorâmica de um dos mirantes de Valparaíso nos dá uma ideia da beleza da região.


Abaixo fica o registro das arquitetônicas construções dessa cidade única: primeiro a frente da casa, no nível da rua, normal. Depois os fundos da casa, com 3 (ou 4?) andares pra dar conta do desnível do terreno.




Assim é Valparaíso: ou você está subindo ou está descendo.


Alguns lugares já deram um trato na pintura (me lembrou o bairro La Boca, em Buenos Aires, que também deu um trato no visu).



Para voltar adivinha qual o meio de transporte que pegamos? O elevador! Seria mais tranquilo se eu não soubesse que ele já tem 109 anos. Chama-se El Peral e... funcionou muito bem, ainda que alguns turistas não arriscassem olhar pra baixo.


Passamos pela Plaza Sotomayor, onde há um monumento em homenagem aos Heróis de Iquique.



Em poucos minutos chegamos no Clube Árabe fizemos nosso almoço... e que almoço! Ok, vou deixar a foto falar por mim...


Na saída uns clicks com vista para o Pacífico...




Já em Viña Del Mar (você já chegou e nem percebeu), fotos no Relógio de Flores, uma doação do governo suíço.


Passamos pelo Cassino Municipal... imponente.


E fomos de encontro à praia. Uma graça. De águas azuis a praia é muito frequentada para tomar banho de sol. De sol. Porque banho de mar só pros muito corajosos. Arrisquei colocar os pezinhos e até meus tornozelos na água, mas aqueles 13ºC não são exatamente encorajadores.



Na sequência fomos conhecer um Moai... isso, daqueles da Ilha de Páscoa feitos pelos Rapanui. E por que ele não está na Ilha de Páscoa?? Ahhhh, ótima pergunta. Na certa alguém resolveu trazê-lo como souvenir e ele acabou ficando por ali. A história não é bem essa, mas enfim... Esse tem cerca de 3 metros de altura e está exposto ao sol, chuva, vento e tudo mais. Me pergunto: tendo em vista sua importância histórica e cultura e, já que foi retirado do local original, não deveria estar um pouco melhor protegido das intempéries do clima? Bom, ele estava lá e eu fotografei.



Na volta fizemos uma paradinha e não resisti: devorei uma caixa de Vizzio. Se você não conhece eu aconselho: conheça! Mas você não conseguirá mais se livrar desse vício. É uma delícia.



Volta pro hotel e jantamos no Restaurante Duo Torre, comi a melhor lasanha da minha vida!! Excelente, recomendadíssimo!
E ficam algumas palavras de Neruda pra fechar o dia:


Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.



 

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