Tivemos uma primeira visão alta de Naha...
Primeiro destino: QG Subterrâneo da Marinha Japonesa.
Em abril de 1945 os Estados Unidos invadiram a ilha de Okinawa com milhares de homens, navios e toneladas de equipamentos para o ataque. Após o desembarque na parte central da ilha e a superioridade bélica americana, o exército dos EUA dominou a parte Norte e logo concentrou suas forças no Sul da ilha. O massacre foi grande e isso ainda ressoa em Okinawa.
Os túneis escavados serviam de refúgio e proteção aos soldados japoneses, mas aos civis também, pois, com suas casas destruídas e a guerra acabando com o que ainda restava, okinawanos sobreviventes também buscaram abrigo em cavernas e túneis. Estes locais guardam memórias sombrias dessa batalha sangrenta. Ali milhares de seres humanos passaram as mais extremas necessidades, sentiram medo, conviveram com corpos em decomposição, dormiram em pé pela falta de espaço para deitar ou sentar, viram seus colegas e familiares se despedirem. Ali milhares de pessoas cometeram suicídio.
Na sede subterrânea da marinha japonesa que visitamos, 4.000
soldados japoneses cometeram suicídio no dia 13 de junho de 1945 após a dura
batalha.
São memórias de vidas honradas que não se renderam
às forças americanas que avançavam.
Nas
paredes, as marcas dos estilhaços das granadas explodidas. Nos corredores, uma
ideia da rotina torturante. Nas salas, a responsabilidade das decisões diárias
das quais milhares de vidas dependiam.
Flores
contradizem o ambiente e ao mesmo tempo amenizam as melancólicas recordações,
oxigenam o clima denso.
Na saída a rica delicadeza dos detalhes no telhado...
Em seguida fomos à Himeyuri
no To, também conhecido como o Memorial
das Meninas, certamente um dos mais tocantes e tristes lugares que
visitamos em Okinawa. Cerca de 220 meninas estudantes e professoras foram
convocadas a ajudar feridos de guerra, trabalhando como enfermeiras na unidade
médica do Hospital de Campo do Exército Japonês. O detalhe é que esses
“hospitais” eram localizados em frias, úmidas e escuras cavernas e lá elas
conviveram com os horrores da guerra.
Neste local morreram centenas de pessoas em função de bombas de
gás jogadas dentro da caverna. Na pedra, o poema escrito pelo professor em homenagem às estudantes que perderam suas vidas salvando ou amenizando a dor dos soldados durante a batalha.
Havia dezenas de estudantes visitando o memorial, muitos talvez
com a mesma idade das meninas que receberam ordens para trabalhar na guerra. Talvez
eles não tenham a exata noção do que foi tudo aquilo, nem se vejam sendo
recrutados a dedicar suas vidas para salvar outras. Mas o sentimento de
tristeza que o memorial evoca nos faz ter certeza de que uma guerra é sempre
estúpida e gananciosa e nunca há argumentos dignos que a justifiquem.
Ufa, depois desse desabafo (o momento era propício), vamos aos
outros pontos de Okinawa.
Fomos
até um ponto à beira do mar onde, segundo nosso guia, nenhum turista vai.
Concordo que o lugar não era lindo, mas era interessante. Lá os corais afloram
à superfície e dão seu show. O mais comum é encontrarmos corais no fundo do mar
e não como montanhas de 5 ou 10 metros na areia da praia. Há tantos, que são
utilizados para fazer muros e calçadas.
A parada seguinte foi no Okinawa
World, um parque temático sobre a cultura okinawana. Foram 1.200 ienes (30
e tantos reais) que nos permitiram acesso à Caverna e ao Complexo Turístico e,
acredite, você pode passar muitas horas nesse atrativo. É realmente grande e
incrível.
A principal atração é a Caverna Gyokusendo (Gyokusendo Cave), simplesmente a segunda maior
gruta de estalactites do Japão. A caverna possui 5.000 metros de extensão e foi
formada há aproximadamente
300.000 anos atrás. Você pode caminhar por uma passarela de madeira de 890m e
apreciar todos os ângulos dessa belíssima caverna. É um passeio imperdível, de
encher os olhos. Eu que nunca tinha ido a algo parecido me esbaldei.
São
milhares, milhões, bilhões de estalactites e estalagmites por todos os lados. Aháá,
não sabe a diferença entre estalactite e estalagmite? Resumão: a primeira pende
do teto através do gotejamento - onde a água carrega minerais da rocha e forma
um “canudo” (primeira foto abaixo). A segunda “cresce” do chão – onde a água
que escorre do teto acumula minerais no chão formando um cone (segunda foto
abaixo). A tendência é que com o gotejamento contínuo elas se juntem numa
coluna (terceira foto abaixo). Didático né? rsrs
A
água faz companhia em pequenas cascatas coloridas que iluminam o lugar (da primera foto
abaixo é conhecida como Fonte Azul), outra companhia constante são os morcegos
que sobrevoam nossas cabeças o tempo todo.
Ainda pudemos assistir a uma apresentação de música e dança típicas de Okinawa e fomos percorrer o parque. Entre as atrações estão a fábrica de vidro chamada de Ryukyuan Glass onde você aprecia a arte de fabricar belos vasos e outros adornos em vidro, é uma fábrica sem paredes. A história é interessante e vale breve descrição: tudo começou depois da guerra com a reciclagem de garrafas de vidro de Coca-Cola trazidas pelos americanos. Hoje a beleza dos vidros é uma mistura de nobreza com simplicidade.
Caminhando pelo complexo é possível visitar diversas oficinas e lojas e até participar de algumas atividades. Papéis, tecidos, roupas típicas, pinturas, cultivos de plantas tropicais, centro cultural, museu da cobra Habu e até fábrica de licores e cervejas – cujo lema é “saúde, cura e beleza” – Okinawa World é uma vila completa de artesanato tradicional. E você ainda pode matar sua fome nos restaurantes, sua sede nas casas de chá e seu impulso comprista nas diversas lojas. Vale a visita, recomendo. Cansou? Então deixe os peixinhos tirarem as cracas dos seus pés na piscina (!!!).
Outra parada para desfrutar a beleza do mar transparente de Okinawa. Uma pena que pegamos dias nublados e de chuva. Mas dá pra ter uma ideia.
O
almoço não desceu muito legal dessa vez, era um Udon com carne de porco, mas eu
não consegui achar a carne.
Segue
o dia e fomos para a cidade de Itoman, onde foi construído o Heiwa no Ishiji, o Parque Memorial da Paz, dedicado à memória dos que morreram na
Batalha de Okinawa. Lá estão os mais de 240.000 nomes dos que padeceram na
guerra... pra refletir...
A
última visita (ou tentativa) foi ao Castelo
de Shuri, mas nosso atrapalhado guia nos levou lá quando faltava 5 minutos
para fechar o lugar. Shuri era a antiga capital e o castelo era o QG do alto
comando japonês, mas foi totalmente destruído durante a guerra. O portão de
entrada Shureimon foi reconstruído
em 1958 - pelo menos esse foi possível ver...
E
pra fechar o dia fomos a uma de karatê e acompanhamos um pouco do treino, já
que Okinawa é o berço dessa arte marcial. Em frente um curioso
estacionamento... vertical.
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