terça-feira, 10 de julho de 2012

10º Dia (27/02/12) – Nagasaki – Parque da Paz e Museu da Bomba Atômica


Missoshiro pra acordar e trem para o Parque da Paz. Este parque remete ao desejo ardente de paz clamado pela população que tanto sofreu com o ataque nuclear.
A Fonte da Paz (Fountain of Peace) foi construída com doações de todo o Japão e é dedicada como uma oferta de água às vítimas da bomba atômica e uma prece para o repouso de suas almas. “É nosso desejo ardente que você se lembre das vítimas que partiram, e que você se junte à nós no esforço pela paz mundial” diz a placa.


Muitas estátuas celebram a paz e ainda se pode ver o que restou do Urakami Branch Prison, a prisão que foi completamente destruída no dia da explosão.



A Estátua da Paz (Peace Statue) é outro monumento incrível que induz à profunda reflexão. Erguida em bronze pelos habitantes de Nagasaki em 1955, no décimo aniversário da devastação da cidade pela explosão da bomba, possui 10 metros de altura e foi projetada por Seibo Kitamura. É um apelo pela continuidade da paz no mundo e uma prece para que aquela tragédia nunca mais se repita.
Essa estátua possui uma simbologia realmente incrível: a mão direita elevada representa a ameaça das armas nucleares, enquanto a mão esquerda estendida simboliza tranquilidade e paz. “Onipotência divina e o amor são incorporados no corpo robusto e semblante suave da estátua, e uma oração para o repouso das almas de todas as vítimas da guerra é expressa em seus olhos fechados. Além disso, a perna direita dobrada simboliza meditação silenciosa, enquanto a perna esquerda está pronta para agir em assistência à humanidade”.




O parque é totalmente envolto por estátuas vindas de todos os lugares do mundo, numa alusão à paz que ganha formas, cores e sentimento.
E, acredite se quiser, há uma araucária plantada no parque. A árvore símbolo do Estado do Paraná foi uma doação do governo à Nagasaki.





O dia seguiu com a ida até o local que foi o epicentro da bomba atômica. Hoje, uma praça com um monolito preto ao centro, indicando o ponto exato da tragédia que se alastrou por tantos quilômetros e décadas.
Foi no dia 09 de agosto de 1945. Transcrevo a mensagem da placa “A rajada de vento feroz, os raios de calor atingindo vários milhares de graus e a radiação mortal gerada pela explosão reduziram o centro da cidade a ruínas. Cerca de 1/3 da cidade de Nagasaki foi destruída e 150.000 pessoas foram mortas ou feridas e dizia-se na época que esta área seria desprovida de vegetação por 75 anos. Agora, o epicentro permanece como um parque internacional da paz e como um símbolo de aspiração para a harmonia mundial”. O que se vê hoje, 67 anos após, é uma área com vegetação, incluindo árvores consideravelmente altas e um sincero desejo de paz.


Nesse mesmo local está o que sobrou da Urakami Cathedral, que ficava em uma pequena montanha há 500 metros do epicentro. Construída através de doações e trabalho voluntário, apenas a parede da igreja manteve-se em pé. Uma parte dela foi levada a esse local para que a nova igreja pudesse ser construída em 1958. As estátuas de pedra na coluna retratam Cristo e um dos seus apóstolos. Como a parede estava enfraquecida por conta do longo tempo de exposição aos elementos radioativos, seu interior e superfície externa foram reforçados por questão de segurança. Parte do solo original da época também pode ser vista nesse ponto da cidade.




E então chegamos ao Museu da Bomba Atômica. Não, eu não gosto de ficar vendo ou remoendo tragédias, mas o aspecto histórico desse fato é inquestionável. Entender essa história nos dá conhecimento, mas é também um tapa na cara. Além do mais, essa história não deve ser esquecida, nunca, ela serve para nos lembrar o quanto nossa humanidade pode (ironicamente) ser desumana. O museu inaugurado em abril de 1996 (entrada de 200 ienes) demonstra até onde a ganância humana é capaz de chegar... milhares de vidas perdidas instantaneamente e outras tantas ao longo dos anos em função da radiação. Há ainda outras tantas que perderam o sentido por causa dos traumas psicológicos... sombras que o cogumelo de destruição deixou. A temperatura chegou a 3.000ºC extinguindo construções, famílias e sonhos. Os olhos enchem de lágrimas ao percorrer o museu. 


A bomba de plutônio chamada de Fat Man que inicialmente estava programada para ser lançada em Kokura, teve seu destino alterado em função da falta de visibilidade nesta cidade no dia do lançamento. Eis que no dia 9 de agosto de 1945 Nagasaki entrou na mira da destruição e às 11h02min exatamente a bomba atingiu o solo e a vida de milhões de pessoas num mundo que nunca mais foi o mesmo. Incrível ler a “justificativa” do então Presidente Truman para tal atrocidade: “nós a usamos (a bomba) para encurtar a agonia da guerra, a fim de salvar a vida de milhares e milhares de jovens americanos”. Humano, não?




Nas ruas próximas ao hipocentro flores alegram os passos na calçada.


Um almoço maravilhoso com tempurás divinos (porque ninguém é de ferro) e já tínhamos energia pra chegar ao próximo destino: Hiroshima. 


O Shinkansen foi nosso grande companheiro por esse tour no Japão. É o famoso trem-bala. Sim, ele é bem rápido – chega até a 300Km/h. Sim, ele é muito mais prático do que pegar um avião (você pode chegar 5 minutos antes do horário da partida). Sim, ele é rigorosamente pontual (você consegue se programar). Sim, ele é mais confortável do que as espremidas poltronas dos ares (e também há serviço de bordo). Sim, eu gostaria de ter Shinkansens pelo Brasil (e mundo!). Nós havíamos comprado o Rail Pass – passe livre válido por 6 dias para os trens da companhia Shinkansen, assim podíamos usar o quanto quiséssemos dentro desse período. Valeu muito a pena, recomendadíssimo.


Belas paisagens pelo caminho.












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