sábado, 7 de julho de 2012

7º Dia (24/02/12) – Naha (Okinawa)

Após uma noite em claro (fruto do Jet Lag), levantamos pro café. Sem dúvida o primeiro contato mais interessante com a cultura oriental, à disposição: arroz, missoshiro, legumes, algas, algas e algas... de todos os tipos, cores, formas, tamanhos e preparações. Fiquei admirando aquilo tudo e pensando o que eu iria provar. Não costumo comer muita coisa no café da manhã, mas vamos lá. Tudo muito light, muito leve, muito saudável, aliás, a alimentação dos japoneses é algo a ser aprendido no mundo inteiro: eita pessoal saudável e em forma. E quer saber? Incrível como aqueles pratos que eu não conseguia distinguir o que eram estavam saborosos. Tudo muito bem preparado e saudável.
Tivemos uma primeira visão alta de Naha...



Primeiro destino: QG Subterrâneo da Marinha Japonesa.
Em abril de 1945 os Estados Unidos invadiram a ilha de Okinawa com milhares de homens, navios e toneladas de equipamentos para o ataque. Após o desembarque na parte central da ilha e a superioridade bélica americana, o exército dos EUA dominou a parte Norte e logo concentrou suas forças no Sul da ilha. O massacre foi grande e isso ainda ressoa em Okinawa.


Um pequeno museu apresenta fotos, utensílios e armas de guerra utilizadas pelos okinawanos...





Os túneis escavados serviam de refúgio e proteção aos soldados japoneses, mas aos civis também, pois, com suas casas destruídas e a guerra acabando com o que ainda restava, okinawanos sobreviventes também buscaram abrigo em cavernas e túneis. Estes locais guardam memórias sombrias dessa batalha sangrenta. Ali milhares de seres humanos passaram as mais extremas necessidades, sentiram medo, conviveram com corpos em decomposição, dormiram em pé pela falta de espaço para deitar ou sentar, viram seus colegas e familiares se despedirem. Ali milhares de pessoas cometeram suicídio.





Na sede subterrânea da marinha japonesa que visitamos, 4.000 soldados japoneses cometeram suicídio no dia 13 de junho de 1945 após a dura batalha.
São memórias de vidas honradas que não se renderam às forças americanas que avançavam.
Nas paredes, as marcas dos estilhaços das granadas explodidas. Nos corredores, uma ideia da rotina torturante. Nas salas, a responsabilidade das decisões diárias das quais milhares de vidas dependiam.






Flores contradizem o ambiente e ao mesmo tempo amenizam as melancólicas recordações, oxigenam o clima denso.




Na saída a rica delicadeza dos detalhes no telhado...


Em seguida fomos à Himeyuri no To, também conhecido como o Memorial das Meninas, certamente um dos mais tocantes e tristes lugares que visitamos em Okinawa. Cerca de 220 meninas estudantes e professoras foram convocadas a ajudar feridos de guerra, trabalhando como enfermeiras na unidade médica do Hospital de Campo do Exército Japonês. O detalhe é que esses “hospitais” eram localizados em frias, úmidas e escuras cavernas e lá elas conviveram com os horrores da guerra.
Neste local morreram centenas de pessoas em função de bombas de gás jogadas dentro da caverna. Na pedra, o poema escrito pelo professor em homenagem às estudantes que perderam suas vidas salvando ou amenizando a dor dos soldados durante a batalha.


Havia dezenas de estudantes visitando o memorial, muitos talvez com a mesma idade das meninas que receberam ordens para trabalhar na guerra. Talvez eles não tenham a exata noção do que foi tudo aquilo, nem se vejam sendo recrutados a dedicar suas vidas para salvar outras. Mas o sentimento de tristeza que o memorial evoca nos faz ter certeza de que uma guerra é sempre estúpida e gananciosa e nunca há argumentos dignos que a justifiquem.
Ufa, depois desse desabafo (o momento era propício), vamos aos outros pontos de Okinawa.

Fomos até um ponto à beira do mar onde, segundo nosso guia, nenhum turista vai. Concordo que o lugar não era lindo, mas era interessante. Lá os corais afloram à superfície e dão seu show. O mais comum é encontrarmos corais no fundo do mar e não como montanhas de 5 ou 10 metros na areia da praia. Há tantos, que são utilizados para fazer muros e calçadas.




A parada seguinte foi no Okinawa World, um parque temático sobre a cultura okinawana. Foram 1.200 ienes (30 e tantos reais) que nos permitiram acesso à Caverna e ao Complexo Turístico e, acredite, você pode passar muitas horas nesse atrativo. É realmente grande e incrível.
A principal atração é a Caverna Gyokusendo (Gyokusendo Cave), simplesmente a segunda maior gruta de estalactites do Japão. A caverna possui 5.000 metros de extensão e foi formada há aproximadamente 300.000 anos atrás. Você pode caminhar por uma passarela de madeira de 890m e apreciar todos os ângulos dessa belíssima caverna. É um passeio imperdível, de encher os olhos. Eu que nunca tinha ido a algo parecido me esbaldei.





São milhares, milhões, bilhões de estalactites e estalagmites por todos os lados. Aháá, não sabe a diferença entre estalactite e estalagmite? Resumão: a primeira pende do teto através do gotejamento - onde a água carrega minerais da rocha e forma um “canudo” (primeira foto abaixo). A segunda “cresce” do chão – onde a água que escorre do teto acumula minerais no chão formando um cone (segunda foto abaixo). A tendência é que com o gotejamento contínuo elas se juntem numa coluna (terceira foto abaixo). Didático né? rsrs




A água faz companhia em pequenas cascatas coloridas que iluminam o lugar (da primera foto abaixo é conhecida como Fonte Azul), outra companhia constante são os morcegos que sobrevoam nossas cabeças o tempo todo.



Ainda pudemos assistir a uma apresentação de música e dança típicas de Okinawa e fomos percorrer o parque. Entre as atrações estão a fábrica de vidro chamada de Ryukyuan Glass onde você aprecia a arte de fabricar belos vasos e outros adornos em vidro, é uma fábrica sem paredes. A história é interessante e vale breve descrição: tudo começou depois da guerra com a reciclagem de garrafas de vidro de Coca-Cola trazidas pelos americanos. Hoje a beleza dos vidros é uma mistura de nobreza com simplicidade.




Caminhando pelo complexo é possível visitar diversas oficinas e lojas e até participar de algumas atividades. Papéis, tecidos, roupas típicas, pinturas, cultivos de plantas tropicais, centro cultural, museu da cobra Habu e até fábrica de licores e cervejas – cujo lema é “saúde, cura e beleza” – Okinawa World é uma vila completa de artesanato tradicional. E você ainda pode matar sua fome nos restaurantes, sua sede nas casas de chá e seu impulso comprista nas diversas lojas. Vale a visita, recomendo. Cansou? Então deixe os peixinhos tirarem as cracas dos seus pés na piscina (!!!).



Outra parada para desfrutar a beleza do mar transparente de Okinawa. Uma pena que pegamos dias nublados e de chuva. Mas dá pra ter uma ideia.




O almoço não desceu muito legal dessa vez, era um Udon com carne de porco, mas eu não consegui achar a carne.


Segue o dia e fomos para a cidade de Itoman, onde foi construído o Heiwa no Ishiji, o Parque Memorial da Paz, dedicado à memória dos que morreram na Batalha de Okinawa. Lá estão os mais de 240.000 nomes dos que padeceram na guerra... pra refletir...





A última visita (ou tentativa) foi ao Castelo de Shuri, mas nosso atrapalhado guia nos levou lá quando faltava 5 minutos para fechar o lugar. Shuri era a antiga capital e o castelo era o QG do alto comando japonês, mas foi totalmente destruído durante a guerra. O portão de entrada Shureimon foi reconstruído em 1958 - pelo menos esse foi possível ver...



E pra fechar o dia fomos a uma de karatê e acompanhamos um pouco do treino, já que Okinawa é o berço dessa arte marcial. Em frente um curioso estacionamento... vertical.




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